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O trabalho foi realizado aos poucos, em mais de 20 encontros, desde meados de 1983, com retoques sucessivos, objetivando homenagear o dia das mães de 1984.
O retrato revela o semblante de Maria, tal como ela se apresenta quando de suas visitas às regiões perturbadas do mundo espiritual, como, por exemplo, ao vale dos suicidas.
Mãe, Mulher, Maria...
O livro “Maria, Mãe de Jesus” - Yvone A. Pereira/Francisco Cândido Xavier, traz uma coletânea de poesias, preces, casos e estórias a respeito de Maria, é rico manancial de amor por aquela que é símbolo de mãe perfeita, de mulher perfeita, símbolo dos que melhor representam a “parte feminina de Deus” e traz sempre os melhores sentimentos de todos os espíritos amadurecidos psicologica e espiritualmente.
O mês de dezembro traz as comemorações do Natal de Jesus e também da Virgem da Conceição, de Oxum, de Yemanjá e de toda natureza feminina de Deus, seja qual for o nome que se lhe dê.
Todo estudioso de Psicologia sabe da importância do feminino na manifestação do Espírito, o que foi sobremaneira estudado por JUNG.
Embora haja seguimentos religiosos que se dirijam de maneira agressiva à qualquer manifestação de apreço e carinho à Maria, há outros, mais amadurecidos espiritualmente, que conseguem perceber a importância da figura do feminino e retirar do Evangelho as justas homenagens à Mãe de Jesus, que o Evangelho diz ter sido saudada como “Cheia de Graça” pelo anjo Gabriel e de "Bendita" por Isabel (de onde vem a primeira parte da oração “Ave Maria”).
Os católicos, por sua vez, habituados ao louvor à Maria, pela prática do Terço, recebem invariavelmente as bençãos e graças psicológicas e espirituais da prática.
Lembrando que é vazia - ante as explicações da Psicologia sobre a projeção do Deus em nós em Jesus - a explicação de que Maria é Mãe de Jesus e não Mãe de Deus, pois que, mesmo psicologicamente (segundo a teoria de JUNG): Jesus é “símbolo de Deus”...
Os africanos, os orientais e demais seguidores de outras religiões que manifestam apreço pela força feminina, pela mãe, pela mulher, pela misericórdia e piedade, também recebem as graças próprias da prática a que se entregam.
O cristianismo reencarnacionista (espiritismo), normalmente oposto à ritualistica, se rende também à força feminina de Deus e dá as justas homenagens à Maria, embora em obras esparsas, e a todos os espíritos piedosos e compassivos, como se demonstra abaixo.
Conforme narrativa de ELIAS BARBOSA (“No Mundo, de Chico Xavier”, 2ª edição, Instituto de Difusão Espírita-IDE, p. 19), quando perguntaram a CHICO XAVIER se ele se recordava, de modo particular, de alguma produção que ficara inesquecível em sua memória, CHICO respondeu:
“Sim, recordo-me de um soneto intitulado “Nossa Senhora da Amargura”, que, se não me engano quanto à data, foi publicado pelo Almanaque de Lembranças, de Lisboa, na sua edição de 1932.
Eu estava em oração, certa noite, quando se aproximou de mim o espírito de uma jovem, irradiando intensa luz. Pediu papel e lápis e escreveu o soneto a que me referi. Chorou tanto ao escrevê-lo que eu também comecei a chorar de emoção, sem saber, naquele momento, se meus olhos eram os dela ou se os olhos dela eram os meus. Mais tarde, soube por nosso caro Emmanuel, que se tratava de Auta de Souza, a admirável poetisa do Rio Grande do Norte”.
Eis o belo soneto:
SENHORA DA AMARGURA
Mãe das Dores, Senhora da Amargura,
Eu vos contemplo o peito lacerado
Pelas mágoas do filho muito amado,
Nas estradas da vida ingrata e dura.
Existe em vosso olhar tanta ternura,
Tanto afeto e amor divinizado,
Que do vosso semblante torturado
Irradia-se a luz formosa e pura.
Luz que ilumina a senda mais trevosa,
Excelsa luz, sublime e esplendorosa
Que clareia e conduz, ampara e guia.
Senhora, vossas lágrimas tão belas
Assemelham-se a fúlgidas estrelas:
Gotas de luz nas trevas da agonia.
Auta de Souza
(Novo Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro para 1932 – Lisboa-Portugal, p. 162 e, também, in “Auta de Souza”, p. 29, 8a. edição, IDE-Instituto de Difusão Espírita)
Há, outrossim, esclarecedor trecho de uma carta escrita por Chico Xavier a M. Quintão, publicada no “Reformador” – ano de 1932 – número 8, abril , p. 237 (e também em “Auta de Souza”, p. 28, 8ª edição, IDE-Instituto de Difusão Espírita), que diz:
“Alguns dos autores há muito tempo que não voltam, como, por exemplo, A. dos Anjos e Auta de Souza.
Desta última conservo muitas saudades. Quando ela escrevia, fazia-me sentir sensações indefiníveis. De algumas vezes, eu sentia que ela se achava em companhia de uma outra alma, bastante elevada, que nos disseram ser uma das que compõem a grande falange que colabora com Celina em sua elevada missão de amor.
Esta companheira de alma que se dava com Auta, fazia-me ouvir, isto é, sentir, como em relâmpagos, os mais formosos hinos sacros, que eu nunca pude acompanhar, porque eram sempre vibrações intraduzíveis, melodias que eu podia somente sentir.
Cada Espírito que por mim escreveu fez-me sentir uma sensação diferente, profundamente desiguais entre si.”
SONETOS de Bocage, em Louvor a Maria
Invocando o Amparo
da Virgem Santíssima
Tu, por Deus entre todas escolhida,
Virgem das virgens, tu que do assanhado,
Tartáreo monstro com teu pé sagrado
Esmagaste a cabeça entumescida.
Doce abrigo, Santíssima guarida
De quem te busca em lágrimas banhado,
Corrente com que as nódoas do pecado
Lava uma alma, que geme arrependida.
Virgem, de estrelas nítidas coroada,
Do Espírito, do Pai, do Filho eterno
Mãe, filha, esposa e mais que tudo amada,
Valha-me o teu poder e amor materno,
Guia este cego, arranca-me da estrada,
Que vai parar ao tenebroso inferno!
(SONETOS, Bocage, Livraria Bertrand)
Já convertido, BOCAGE depõe aos pés de Maria todo agradecimento, no belo soneto, dos 12 que escreveu no livro “Volta Bocage”, pela psicografia de CHICO XAVIER:
SONETO 8
Doce Mãe, Sereníssima Senhora,
Dos teus olhos velados de Doçura
Nasce fresca a alvorada, que fulgura
Na infortunada sombra de quem chora!
Quando o meu ser vagava em noite escura,
Nas angústias do abismo que apavora,
Estendeste-me os braços, vendo, embora,
Minhas chagas de treva e de loucura...
Ante o regaço fúlgido consente
Que a minha fé se exalte embevecida,
Prosternada, ditosa, reverente.
Recebe no dossel* de graça e vida
O louvor de teu filho penitente,
No clarão de minh’alma convertida.
Bocage, psicografado por CHICO XAVIER (“Volta Bocage”, editora FEB-Federação Espírita Brasileira)
* Dossel – cobertura de tecidos ou flores que se punham sobre o trono.
Que nossa devoção a Deus e ao sagrado em nós seja apreciação do Uno que se faz Pai e Mãe na diversidade...
Que nossa devoção seja tal que possamos, como sugere Pe. Manuel Albuquerque, substituir as provas de nosso falecimento pelo método que se segue neste soneto “Prova Infalível”:
PROVA INFALÍVEL
Manuel Albuquerque (Pe.)
Quando eu soltar meu último suspiro,
Quando o meu corpo se tornar gelado,
E o meu olhar se apresentar vidrado,
E quiserdes saber se inda respiro,
Eis o melhor processo que eu sugiro:
- Não coloqueis o espelho decantado
Em frente ao meu nariz, mesmo encostado,
Porque não falha a prova que eu prefiro.
- Fazei assim: - Por cima do meu peito,
Do lado esquerdo, colocai a mão.
E procedei, seguros, deste jeito:
- Gritai Maria! Ao pé do meu ouvido,
E se não palpitar meu coração,
Então é certo que eu terei morrido...
(Este soneto foi traduzido em 23 línguas)
Fonte de pesquisa:
Mãe, Mulher, Maria... José Maria Acquaviva
http://oxigenio2.magaweb.com.br/index.php?id=379